sábado, 13 de julho de 2013

13 de Julho de 1917 , 3ª Aparição de Nossa Senhora


13 de Julho de 1917


3ª Aparição de Nossa Senhora

Momentos depois de termos che­gado à Cova de Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multi­dão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costu­mada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
- Vossemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Se­nhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.
- Queria pedir-Lhe para nos dizer Quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi Quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão-de ver, para acreditar.
Aqui, fiz alguns pedidos que não recordo bem quais foram. O que me lembro é que Nossa Senhora disse que era preciso rezarem o terço para alcançarem as graças durante o ano. E continuou:
- Sacrificai-vos pêlos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pê­los pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses passados.
O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes (incêndios), sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor (deveu ser ao deparar-me com esta vista que dei esse ai! que dizem ter-me ouvido). Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desco­nhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. As­sustados e como que a pedir socorro, levantámos a vista para Nossa Senhora que nos disse, com bondade e tristeza:
- Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres peca­dores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devo­ção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI come­çará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre.
Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sá­bados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promoven­do guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquila­das. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sem­pre o dogma da Fé, etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francis­co, sim, podeis dizê-lo.
Quando rezais o terço, dizei, depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno; levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Seguiu-se um instante de silêncio e perguntei:
- Vossemecê não me quer mais nada?
- Não. Hoje não te quero mais nada. E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente até desaparecer na imensa distância do firmamento.

In, Memórias da Irmã Lúcia