quinta-feira, 19 de junho de 2014

Por certo é à Igreja que pertencem os meios próprios para promover a salvação das almas.





Revolução e Contra-Revolução

Plinio Corrêa de Oliveira

Em nossa última edição, transcrevemos tópicos do Capítulo VII, item 2 da I Parte de Revolução e Contra-Revolução em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira explica os conceitos de legitimidade, cultura e civilização católica. A seguir veremos porque a civilização e a cultura por excelência só são possíveis no grêmio da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

C. Caráter sacral da civilização católica

Está implícito que uma tal ordem de coisas é fundamentalmente sacral, e que ela importa no reconhecimento de todos os poderes da Santa Igreja, e particularmente do Sumo Pontífice: poder direto sobre as coisas espirituais, poder indireto sobre as coisas temporais, enquanto dizem respeito à salvação das almas.

Realmente, o fim da sociedade e do Estado é a vida virtuosa em comum. Ora, as virtudes que o homem é chamado a praticar são as virtudes cristãs, e destas a primeira é o amor de Deus. A sociedade e o Estado têm, pois, um fim sacral. (1)

Por certo é à Igreja que pertencem os meios próprios para promover a salvação das almas. Mas a sociedade e o Estado têm meios instrumentais para o mesmo fim, isto é, meios que, movidos por um agente mais alto, produzem efeito superior a si mesmos.

D. Cultura e civilização por excelência

De todos estes dados é fácil inferir que a cultura e a civilização católica são a cultura por excelência e a civilização por excelência. É preciso acrescentar que não podem existir senão em povos católicos. Realmente, se bem que o homem possa conhecer os princípios da Lei Natural por sua própria razão, não pode um povo, sem o Magistério da Igreja, manter-se duravelmente no conhecimento de todos eles.(2) E, por este motivo, um povo que não professe a verdadeira Religião não pode duravelmente praticar todos os Mandamentos (3). Nestas condiçöes, e como sem o conhecimento e a observância da Lei de Deus não pode haver ordem cristã, a civilização e a cultura por excelência só são possíveis no grêmio da Santa Igreja. Com efeito, de acordo com o que disse São Pio X, a civilização "é tanto mais verdadeira, mais durável, mais fecunda em frutos preciosos, quanto mais puramente cristã; tanto mais decadente, para grande desgraça da sociedade, quanto mais se subtrai à idéia cristã. Por isto, pela força intrínseca das coisas, a Igreja torna-se também de fato a guardiã e protetora da civilização cristã".(4)

E. A ilegitimidade por excelência

Se nisto consistem a ordem e a legitimidade, facilmente se vê no que consiste a Revolução. Pois é o contrário dessa ordem. É a desordem e a ilegitimidade por excelência.

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No próximo número, reproduziremos os tópicos em que são analisados os valores metafísicos da Revolução: o orgulho e a sensualidade.



Notas:

1) Cfr. São Tomás, De Regimine Principum, I, 14 e 15.

2) Cfr. Concílio Vaticano I, sess. III, cap. 2 -- D. 1786.

3) Cfr. Concílio de Trento, sess. VI, cap. 2 -- D. 812.

4) Encíclica Il Fermo Proposito, de 11/6/1905, Bonne Presse, Paris, vol. II, p. 92.