sábado, 14 de janeiro de 2012

A REFORMA LITÚRGICA DO VATICANO II AINDA NÃO ESTÁ CONCLUÍDA




ZENIT falou com Dom Mauro Gagliardi, professor de Teologia no Ateneu Pontifício «Regina Apostolorum» de Roma e Conselheiro das celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice.

-O último volume de Don Nicola Bux sobre a reforma litúrgica do Papa Bento XVI está conhecendo um bom sucesso com os leitores, mas também está causando debate entre alguns especialistas. Prof Gagliardi, poderia nos dar alguma interpretação geral desse volume?

Gagliardi: Na minha breve apresentação do livro de Nicola Bux, A reforma de Bento XVI. A liturgia entre inovação e tradição, Piemme, Casale Monferrato 2008 (cf. Sacrum Ministerium 14 [2008 / 2], pp. 144-145), escrevi no exórdio, "O Concílio Vaticano II deu impulso a uma reforma da liturgia que experimentou diferentes fases e que ainda está em curso. Vai interpretado neste contexto, o belo título do livro de Don Nicola Bux.



Com estas palavras afirmava implicitamente a sintonia por mim sentida entre o espírito expresso por don Nicola Bux e quanto defendi um ano antes, em meu livro intitulado Introdução ao mistério eucarístico. Doutrina - liturgia - devoção, San Clemente, Roma 2007, no qual afirmei que a reforma litúrgica, iniciada com o Concílio Vaticano II (mas, na verdade, mesmo antes), não está de facto concluída, mas ainda " in fieri", ou seja a fazer-se.

Por isso, em diferentes formas e medidas, todos os papas depois do Concílio acrescentaram o seu próprio contributo desde Paulo VI a Bento XVI.



Evidentemente, essa reforma é um longo e laborioso trabalho - não se esqueça de que ela começou há quarenta anos ! - Implica um enorme esforço e, acima de tudo uma enorme paciência, bem como a sensibilização para a necessidade de sempre estar vigilante quanto à sua correcta aplicação, mas também a humildade para ser capaz de rever aspectos - mesmo se universalmente aprovados, ou até mesmo promovidos pela actual legislação -- se estes aspectos forem problemáticos, ou até mesmo melhorá-los.

Por outro lado, quem agora acredita que o rito de Paulo VI, melhorou o de São Pio V não afirma também, mais ou menos directamente, que as normas precedentemente em vigor e vigentes deviam ser melhoradas?




Por que, então, a legislação relativa ao Novus Ordo deve ser considerada como perfeita e intocável? Numa reforma litúrgica o que interessa não é afirmar as próprias suas ideias a todo o custo, mesmo contra a evidência, mas ajudar a Igreja a adorar sempre melhor a Santíssima Trindade.

Todos, na verdade, ou quase, concordam em reconhecer que a adoração de Deus através de Jesus Cristo, no Espírito Santo é a essência e, ao mesmo tempo o fim da sagrada liturgia ou culto divino. Sendo este ponto comum a quase todos os estudiosos sérios, vê-se que precisamos de construir a partir daqui.



-Acredita, portanto, que o recente livro de seu colega Don Nicola Bux ajude a compreender a natureza teológica da liturgia?

Gagliardi: Nicola Bux dedica a este ponto fundamental, ou seja a compreensão teológica da sagrada liturgia, os dois primeiros capítulos de seu livro. Os outros capítulos são destinados, em vez disso, a analisar o estado actual da reforma litúrgica ainda em curso: a situação, mas também a história recente que levaram a ela.

Ele reconhece que "há uma batalha sobre a liturgia" (p. 45, cf. p. 50). A liturgia está sendo disputada entre tradicionalistas e inovadores - o subtítulo do livro faz referência a isso - e toda a gente está tentando puxar a água ao seu moinho, apontando os aspectos teológicos e jurídicos que interessam ao próprio caso e "reinterpretando" os dados desfavoráveis à sua tese preconcebidas. Essa atitude está localizada quer na chamada "direita" quer na chamada "esquerda". Em vez disso, Don Bux adverte: "Não faz sentido ser excessivamente ou inovadores tradicionalistas" (p. 46) e acho que todo o seu livro deve ser entendido nesta óptica.



Antes de mais, deve ser lembrado que este é um livro deliberadamente sintético, que lança sobre a mesa os temas para discutir , mais do que fornecer longos aprofundamentos sobre cada uma das questões. É um convite à reflexão, ao diálogo, ao estudo, também – se se quer - ao confronto sério entre as diferentes posições, mas tomando cuidado para que o confronto seja fundado em argumentos e não em preconceitos partidários.

É um livro que pretende ser equilibrado e convidar ao equilíbrio. "Este é um aviso para uns e para outros - escreve o Autor, a propósito de um tema particular, referindo-se aos tradicionalistas e aos inovadores - para que reencontrem o equilíbrio" (p. 63). Esta é a tentativa e a sugestão que Don Bux quer fazer com o seu volume.

A posição "Ad Orientem" ou "Versus Deum"



A posição "Ad Orientem" ou "Versus Deum" na nova forma do Rito Romano, também conhecido como "Liturgia de Paulo VI" ou "Pós conciliar" . Manteve a tradicional posição de celebrar o Santo Sacrificio do Altar. Muitos sacerdotes e bispos empolgados com a nova e oficial posição "Versus Popolum"(de frente para o povo) começavam a celebrar desta forma e assim se tornou costume em todo o mundo após o concilio Vaticano II. Deixando essa posição restrita à antiga Missa Tridentina.

Poderíamos colocar a culpa na orientação de se colocar um altar separado da parede, onde o sacerdote pudesse celebrar a Missa de frente para o povo. Assim a maioria entendeu que aquela antiga posição de celebrar estava abolida pelo novo Missal Romano. Vejamos:



"O altar maior deve ser construído separado da parede, de modo a que se possa facilmente andar ao seu redor e celebrar, nele, olhando na direcção do povo [versus populum]”. Missal 1970

Já na última Edição de 2002 essa parte foi reformada :
retomou esse texto à letra, mas, no final, acrescentou o seguinte: “Isso é desejável sempre que possível”.

Esse acréscimo foi lido por muitos como um enriquecimento do texto de 1969, no sentido de que agora haveria uma obrigação geral de construir - “sempre que possível” - os altares voltados para o povo. Essa interpretação, porém, já havia sido repelida pela Congregação para o Culto Divino, que tem competência sobre a questão, em 25 de setembro de 2000, quando explicou que a palavra “expedit” [é desejável] não exprime uma obrigação (...).” (Ratzinger, op. cit.)



No Missal Romano de Paulo VI encontramos as informações que confirmam tal ensino:
o sacerdote deve, segundo tais textos, durante a Liturgia Eucarística, “voltar-se para o povo” durante alguns actos; isto significa que, se deve voltar-se ao povo, é porque antes estava voltado ad Orientem. “Estes avisos que em certos momentos o sacerdote esteja ‘voltado para o povo’ seriam supérfluos, se o sacerdote durante toda a celebração ficasse atrás do altar e frente ao povo.” (RUDROFF, Pe. Francisco. Santa Missa, Mistério de nossa Fé. 1996).

Nunca a posição ad Orientem foi expressamente proibida por algum decreto, nem esse foi o desejo dos Padres do Concílio Vaticano II, autor da reforma litúrgica. Igualmente, essa é a forma histórica de oferecimento da Missa, observada inclusive pelos ritos orientais.

Algumas congregações Religiosas como os Legionários de Cristo, a Prelazia do Opus Dei, Cartuxos, Dominicanos etc. Celebram de modo privado e público em "Versus Deum" algumas vezes no mês ou até mesmo durante a semana.



Este assunto só veio à tona novamente após o Concílio Vaticano II, com a coragem do Papa Bento XVI, de celebrar "Versus Deum" na Capela Sistina no Vaticano. Onde foi motivo de especulação por vários sectores progressistas da Igreja Latina.
Depois da "confusão" ou "mal entendido" , em que se falava que o Papa estava errado ou misturando os ritos , veio a explicação de vários liturgistas e até mesmo de um livro que o Papa tinha escrito no seu tempo de Cardeal.

O Papa Bento XVI, veio mostrar aos bispos e sacerdotes que essa posição não deve ser suprimida ou negada. Ela pode ser feita na "Missa Nova", a instrução do missal indica isso essa posição tradicional.

Uma nota publicada, em 1993 , a Congregação para o Culto (liturgia) , em seu boletim Notitiae, reafirmou o valor de ambas as opções, celebração versus populum ou versus Deum, de modo que quaisquer dúvidas devem ser dissipadas.
“Quando o sacerdote celebra versus populum, sua orientação espiritual deveria ser sempre versus Deum per Iesum Christum [para Deus, por meio de Jesus Cristo].” (Cardeal Joseph Ratzinger, A introdução do decano do Sacro Colégio ao livro de Uwe Michael Lang, in 30 Dias )



INSTRUÇÕES PARA CELEBRAR A MISSA NOVA "VERSUS DEUM":
Momentos em que o sacerdote deve ficar de frente para os fiéis:

Terminado o canto da entrada, e estando todos de pé, o sacerdote e os fiéis fazem o sinal da cruz. O sacerdote diz: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. O povo responde: Amém.



• Voltado para o povo e abrindo os braços, o sacerdote saúda-o com uma das fórmulas propostas. Ele mesmo ou outro ministro pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fieis na Missa do dia. (IGMR, 124)

• Outra vez no centro do altar, o sacerdote, de pé e voltado para o povo, estendendo e unindo as mãos, convida o povo a rezar, dizendo: Orai irmãos e irmãs etc.
O povo põe-se de pé e responde, dizendo: Receba o Senhor. Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz a Oração sobre as oferendas. No fim o povo aclama: Amém. (IGMR, 146)



Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas, diz em voz alta a oração: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos apóstolos...;
• terminada esta, estendendo e unindo as mãos, voltado para o povo, anuncia a paz, dizendo: A paz do Senhor esteja sempre convosco. O povo responde: O amor de Cristo nos uniu. Depois, conforme o caso, o sacerdote ou o Diácono acrescenta: Meus irmãos e irmãs saúdem-vos em Cristo Jesus. (IGMR, 154)

Terminada a oração, o sacerdote faz genuflexão, toma a hóstia consagrada na mesma missa e segurando-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice,
• diz voltado para o povo: Felizes os convidados para a Ceia do Senhor..., e, juntamente com o povo, acrescenta uma só vez: Senhor, eu não sou digno... (IGMR, 157)



Oração pós comunhão:

A seguir, de pé, junto à cadeira ou ao altar,
• voltado para o povo, o sacerdote diz, de mãos unidas Oremos, e de mãos estendidas, recita a Oração depois da Comunhão, que pode ser precedida de um momento de silêncio, a não ser que já se tenha guardado silêncio após a Comunhão. No fim da oração o povo aclama: Amém.
(IGMR, 165)

MISSA GREGORIANA EM FÁTIMA : todos os Domingos às 17,00h na Capela do Seminário dos Marianos Rua de S.Paulo nº2

MISSA  GREGORIANA EM FÁTIMA AOS DOMINGOS ÀS 17H



Desde há  três anos que vem sendo celebrada a Santa Missa Gregoriana em Fátima. Avisamos pois todos os nossos amigos que a Santa Missa  Gregoriana é celebrada na Capela  do Seminário dos Marianos, Rua  S. Paulo nº  2

Naturalmente que ficam convidados a participar .A Santa Missa   Gregoriana celebra -se cada Domingo às 17 H   na referida Capela.

 

OS SINAIS DA CRUZ FEITOS PELO SACERDOTE DURANTE O CÂNON DA MISSA Santo Tomás de Aquino (Suma Teológica, III. q.83, ad 3).




OS SINAIS DA CRUZ FEITOS PELO SACERDOTE
DURANTE O CÂNON DA MISSA
Santo Tomás de Aquino
(Suma Teológica, III. q.83, ad 3).

"O sacerdote na celebração da missa faz os sinais da cruz para evocar a paixão de Cristo, que se consumou na cruz. A paixão de Cristo realizou-se como em etapas.

1ª. A entrega de Cristo feita por Deus, por Judas e pelos judeus. Ela é simbolizada pelos três sinais da cruz, ao dizer o sacerdote as palavras: "Haec dona, haec munera, haec sancta sacrificia illibata" ("Estes dons, estas dádivas, este santo sacrifício imaculado").

2ª. A venda de Cristo. Com efeito, Cristo foi vendido aos sacerdotes, escribas e fariseus. Para simbolizá-la, o celebrante faz de novo três sinais da cruz, dizendo: "benedictam, adscriptam, ratam" ("abençoada, confirmada, ratificada"). Ou para expressar o preço da venda, a saber trinta denários. E se acrescentam dois sinais da cruz, ao se pronunciar as palavras: "ut nobis Corpus et Sanguis" ("a fim de se tornar para nós o Corpo e o Sangue"), para significar a pessoa de Judas que vendeu e a de Cristo que foi vendido.



3ª. A prefiguração da paixão de Cristo feita na ceia. Para designá-la, fazem-se uma terceira vez dois sinais da cruz, um na consagração do Corpo e o outro na do Sangue, quando em ambos os casos se diz a palavra "benedixit" ("abençoou").

4ª.A própria paixão de Cristo. Por isso, para simbolizar as cinco chagas, traçam-se uma quarta vez cinco cruzes, ao se proferirem as palavras: "hostiam puram, hostiam sanctam, hostiam immaculatam, panem sanctum vitae aeternae, et calicem salutis perpetuae" ("hóstia pura, hóstia santa, hóstia imaculada, o pão santo da vida eterna e o cálice da salvação perpétua").



5ª. Os suplícios do corpo e o derramamento do sangue, e o fruto da paixão são simbolizados por meio das três cruzes traçadas com as palavras: "corpus et sanguinem sumpserimus, omni benedictione" ("a fim de que recebendo o corpo e sangue sejamos repletos de toda bênção").

6ª. A tríplice oração que Cristo fez na cruz, uma pelos pecadores, quando disse: "Pai, perdoai-lhes", a segunda para livrar-se da morte, quando disse: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" e a terceira se refere à obtenção da glória, quando disse: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Para significar isso, fazem-se três cruzes com as palavras: "sanctificas, vivificas, benedicis" ("pela qual santificais, vivificais, abençoais").



7ª. As três horas em que Cristo esteve pregado na cruz, isto é, da hora sexta à nona. Para simbolizar isto, traçam-se três cruzes com as palavras: "per ipsum, et cum ipso et in ipso" ("por ele, e com Ele e n’Ele").

8ª. A separação da alma e do corpo é representada por duas cruzes feitas em seguida fora do cálice.



9ª. A ressurreição realizada no terceiro dia. É simbolizada por três cruzes traçadas com as palavras: "Pax domini sit semper vobiscum" ("A paz do Senhor esteja sempre convosco").

Em poucas palavras, pode-se dizer que a consagração deste sacramento e a aceitação do sacrifício e de seus frutos procedem da força da cruz de Cristo. Por isso, todas as vezes que se faz menção de uma destas coisas, o sacerdote traça uma cruz"

Fonte:S.Pio V