sábado, 26 de junho de 2010

"Houve no passado e haverá no futuro um único e oficial Rito Romano da Missa. Durante o futuro próximo, haverá duas variações oficialmente sancionadas daquele sagrado Rito Romano: a tradicional, que floresceu durante mais de mil anos antes de o Concílio de Trento lhe conferir uma sanção especial; e o Novus Ordo do Papa Paulo VI, o qual, num estado reformado, também está autorizado. Ambos serão ditos em latim, conforme foi decretado pelo Concílio Vaticano II, exceptuando-se as orações em vernáculo ditas pelo povo. O Novus Ordo paulino será purificado de suas partes suspeitas, as palavras validatórias da Consagração serão restauradas nele, sendo completamente expurgados os acréscimos de Lutero. A realização de uma ou outra Missa será decidida não por sufrágio popular mas por ordens diretas da Santa Sé. Todas as sanções eclesiásticas fulminadas contra os movimentos ditos tradicionalistas e seus líderes estão doravante revogadas. Ademais, a maioria delas já era nula e sem efeito desde o início." Esse “Decreto” foi publicado num romance de Malachy Martin, em 1990, no livro The Keys of this Blood, (New York: Simon & Schuster, 1990, p. 693).

 
 
Orlando Fedeli
            Há anos já, a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX) havia se pronunciado que só iniciaria trâmites com a Cúria Romana, caso o Papa — naquele tempo, João Paulo II — desse prova cabal e concreta de que alguma coisa estava mudando no Vaticano. Um incontestável sinal de mudança era exigido pelos tradicionalistas
Como prova cabal e concreta de que algo estava realmente mudando em Roma, a FSSPX sugeria que a Santa Sé fizesse um decreto, declarando que a Missa de São Pio V jamais fora proibida, e que qualquer sacerdote que quisesse poderia rezá-la, sem pedir, para isso, licença ao seu Bispo. Pediam ainda os lefebvristas que fosse levantada e anulada a excomunhão lançada contra Dom Lefebvre e Dom Mayer. Por fim, diziam que só retornariam a uma situação de normalidade, caso o Papa garantisse à FSSPX um estatuto jurídico que permitisse a ela continuar livremente sua luta contra o Modernismo.   
Pareciam medidas impossíveis de serem aceitas pelos Cardeais da Cúria, radicalmente defensores do Concílio Vaticano II.
Entretanto, os anos foram passando, e a crise na Igreja foi crescendo.
Cada vez mais ficava patente que a causa de tanta desordem na Igreja provinha dos erros do Vaticano II.
A Liturgia estava convulsionada pelas Missas-Show. A moral eclesiástica estava no chão com o escândalo do homossexualismo nos seminários, e da pedofilia, nas sombras das sacristias. Os erros teológicos eram escancarados escandalosamente na mídia por padres que já nada temiam e nada sabiam. A autoridade do Papa era contestada pela desobediência sistemática das Conferências Episcopais que se arrogavam poderes ilegítimos, para fazer ocas Campanhas da Fraternidade, políticas e demagógicas, que nada tinham a ver com a salvação das almas.
No Brasil, elas elegeram o Lula do mensalão.
As vocações caíram vertiginosamente em número, e, pior ainda, em qualidade. “Seminarista” começou a ser tido como adjetivo do qual se desconfiava. Multiplicavam-se os cursos de Teologia, e a Teologia foi para o abismo, exposta por teólogos e teólogas marca barbante. Todo o mundo virou teólogo.
Os sermões dominicais comprovavam a completa ignorância dos novos padres. Criou-se até a Pastoral do Turismo enquanto as famílias se afogavam nas praias da separação e do divórcio. No Brasil, a CNBB esquecida das coisas do céu, instituía a Pastoral da Terra, para ajudar a bolchevização do país.
Começou um êxodo das paróquias para as seitas mais estranhas. As ordens religiosas definharam, meditando Yoga, e dançando nas cristotecas, enquanto nasciam como cipós parasitas os movimentos da nova evangelização, quase todos ardendo no fogo fátuo do emocionalismo pentecostal e do exibicionismo. Quase todos catando dinheiro para a banda que passava, tocando o sucesso do momento. Quase todos baseados na emoção histérica, e pregando grosseiros erros modernistas.
A Nova Igreja conciliar se protestantizava a olhos vistos.
Foi quando o Cardeal Ratzinger foi eleito Papa Bento XVI, derrotando os modernistas Martini, Kasper, Lehman e Danneels.
A noite conciliar começava a ser vencida?...
Já quando ainda Cardeal, Ratzinger falava em reforma da Missa reformada, e fazia críticas ao Novus Ordo de Paulo VI...
E houve um Sínodo sobre a Missa...
Ferviam os rumores.
 ***

            Repentinamente anunciou-se que o Papa recebera Dom Fellay.
Falava-se em acordo do Papa com os chamados tradicionalistas defensores da Missa de sempre, e inimigos da Missa Nova de Paulo VI e dos erros do Vaticano II.
Roma estava mudando?
Discutia-se.
Boatos começaram a ser cochichados.
O Cardeal Dario Castrillón Hoyos foi visitado por Dom Fellay durante cinco horas.
Tomaram chá...
Um chá de cinco horas...
Os boatos começaram a correr na Internet
Dizia-se que o Papa Bento XVI ia liberar a Missa de sempre. Que ia ser levantada a excomunhão de Dom Lefebvre e de Dom Mayer. Que ia ser concedida uma Administração Apostólica Mundial à FSSPX. Que haveria uma reforma da Nova Missa reformada. Que a Nova missa reformada por Bento XVI seria dita em latim, sem rock, o padre ficando de costas para o povo e com canto gregoriano.
Adeus Padre Marcelo Rossi.
Vá jogar balde d´água no quintal.
Não na Missa.
Adeus Cardeal Arinze.
Como esse Cardeal disse certa vez: “Ite, Missa Nova est
“Ide, a Missa Nova acabou”
Deo gratias!!!
 
Pior até:  chamou a Nova Missa de “Mass do it yourself” --- “Missa faça-a você mesmo”.
 
Houve Consistórios.
Houve reuniões dos Cardeais da Cúria com o Papa. Discutiram a Missa antiga e a nova.
O Cardeal Castrillón saiu do Consistório dizendo que a Igreja, agora, estava de braços abertos para receber a FSSPX.
Já se esperava Dom Fellay para o tal abraço.
Dom Williansom resmungou: ele era contra abraços aos “romanos” como ele chama as autoridades máximas da Igreja. Explica-se: ele foi anglicano, e até hoje não perdeu certos vícios de linguagem dessa seita.
O Cardeal Arinze era contra a Missa de sempre. Lançou até uma carta manifesto escrita por seu Secretário, o modernista Monsenhor Sorrentino.
O Papa nomeou-lhe um novo secretário amigo de Dom Fellay e devoto da Missa de sempre: Dom Malcolm Pranjith Patabene Dom.
E o Papa “promoveu” Monsenhor Sorrentino a Arcebispo, para removê-lo de Roma e incomodar menos.
O ecumênico Monsenhor Fitzgerald só faltou por turbante para agradar os muçulmanos e fazer propaganda da Nostra Aetate.
Ele pensava que ia ser nomeado Cardeal.
Equivocou-se.
Bento XVI o transferiu para o Cairo para ecumenizar-se com múmias secas e ulemás barbudos.
Deus é grande!
 
Os Bispos franceses, reunidos em Lourdes, declararam que receberiam generosamente os Bispos tradicionalistas. Mesmo fazendo cara feia para uma anunciada concessão de uma Administração Apostólica aos lefebvristas
Dizia-se por toda a parte na Internet, isto é, no mundo: Vai sair o decreto liberando a Missa.
Vai ser na Quinta-Feira Santa.
Não saiu.
Vai sair na Páscoa.
Não saiu.
 
Um famoso jornalista de viés modernista triunfou: era tudo boato. Não vai haver mudança nenhuma.
Os vazamentos de um possível acordo de Bento XVI com os tradicionalistas recomeçaram. O Cardeal Medina -- um velho Cardeal chileno (Notem meu sublinhado) — falou em revogação de excomunhões. Ainda no condicional...
Publicaram-se artigos e livros criticando a Nova Missa de Paulo VI.
Ainda nesta semana, em Roma, vai ser publicada a edição italiana de um livro defendendo a Missa voltada para Deus contra a Missa virada para o povo, como estabeleceu esdruxulamente Paulo VI.
E o livro tem um prefácio do Cardeal Ratzinger, o atual Papa Bento XVI.
Eta livro prestigiado!
 
Todo o mundo espera que a Missa de sempre seja liberada pelo Papa de um momento para outro. Todos, direitistas e esquerdistas, consideram provável o levantamento das excomunhões de Dom Lefebvre e de Dom Mayer, assim como a oferta de uma Administração Apostólica a Dom Fellay.
 
Dom Williansom chia.
Um Bispo “tradicionalista” sem compromissos — Dom Rifan — com cara de indigestão... sorri amarelo, em seu rosto turgidamente vermelho.
 
Vai sair o decreto?
Será mesmo?
 
***
 
 
Vejam, transcrito aqui, o texto de um decreto Papal lido num Consistório:
 "Houve no passado e haverá no futuro um único e oficial Rito Romano da Missa. Durante o futuro próximo, haverá duas variações oficialmente sancionadas daquele sagrado Rito Romano: a tradicional, que floresceu durante mais de mil anos antes de o Concílio de Trento lhe conferir uma sanção especial; e o Novus Ordo do Papa Paulo VI, o qual, num estado reformado, também está autorizado. Ambos serão ditos em latim, conforme foi decretado pelo Concílio Vaticano II, exceptuando-se as orações em vernáculo ditas pelo povo. O Novus Ordo paulino será purificado de suas partes suspeitas, as palavras validatórias da Consagração serão restauradas nele, sendo completamente expurgados os acréscimos de Lutero. A realização de uma ou outra Missa será decidida não por sufrágio popular mas por ordens diretas da Santa Sé. Todas as sanções eclesiásticas fulminadas contra os movimentos ditos tradicionalistas e seus líderes estão doravante revogadas. Ademais, a maioria delas já era nula e sem efeito desde o início."
 
Que decreto é esse?
De onde saiu isso?
É verdade?
Parece ser de hoje!
Mas não é.
Não é senão “historical fiction”.
É romance.            Esse “Decreto” foi publicado num romance de Malachy Martin, em 1990, no livro The Keys of this Blood, (New York: Simon & Schuster, 1990, p. 693).
 
Mas esse texto de romance histórico é incrivelmente coincidente com o que se diz que está para acontecer.
E que pode realmente acontecer, pois há inúmeros e fortíssimos indícios de sua possibilidade.
Como Malachy Martin descreveu com tanta exatidão o que está acontecendo hoje?
Ele inclusive põe em cena um velho Cardeal chileno!...
Tão exata coincidência da ficção com a realidade ou é profecia, ou é a execução de um plano.
É impossível que Malachy Martin tenha profetizado, pois profeta ele nunca foi, e ele nem foi Caifás, e nem, muito menos, ele pode ser comparado à mula de Balaão.
Profecia, então, não é.
Será um plano?
Um plano não pode ser, pois que um plano, executado com tantos pormenores imprevisíveis, é absurdo e não pode ser realizado.
Então o que significa essa incrível coincidência do texto de Malachy Martin de 1990 com os – por enquanto – boatos galopantes na Internet em 2.006?
Malachy Martin foi um padre jesuíta, que viveu alguns anos no Vaticano, exercendo então o cargo de secretário do muito modernista Cardeal Bea, um antigo confessor do conservador Pio XII (Papas conservadores arranjam cada confessor herege!).
Disse Malachy Martin, nesse mesmo livro - The Keys of this Blood New York: Simon & Schuster, 1990, p. 630).– que:

O verdadeiro conteúdo desse “Terceiro Segredo” permaneceu por um longo tempo secreto até o Pontificado de João Paulo II. Nessa época, o conteúdo dele foi revelado para um suficiente número de pessoas em base privada, e ambos, João Paulo II e Joseph Ratzinger falaram com suficiente franqueza acerca do conteúdo de tal modo que afinal o essencial da mensagem podia ser seguramente esboçado” (Malachy Martin, The Keys of this Blood,
 
Será que Malachy Martin, nesse tempo em que trabalhava na Cúria Romana, leu o texto do famoso Terceiro Segredo de Fátima?
É bem possível que sim.
E que dizia o verdadeiro texto do Terceiro Segredo?
O Vaticano só publicou, — de repente — apenas a visão desse Terceiro Segredo e não o texto que acompanhava e explicava a visão dos três pastorezinhos...
Não se sabe porquê, talvez desgostoso com o que via acontecer no Vaticano, Malachy Martin deixou a Cúria, quis ser reduzido ao estado leigo, mas com o direito de rezar Missa em casa.
Desde então escreveu ele uma série de livros, nos quais desvelava muitas coisas que aconteciam no Vaticano.
De repente, ele foi encontrado morto em Nova York.
É um perigo saber muita coisa.
Morreu por tanto saber...
Que pensar então desse decreto papal “profético” — decreto de romance —  publicado em 1990, e que tanto coincide com os boatos atuais? 
O mistério é grande demais para ser entendido por quem, como eu, sabe tão pouco dos bastidores romanos, e que só aguarda, rezando, para que o Papa Bento XVI vença os lobos que uivam na noite do século XXI.
Rezemos pela alma de Malachy Martin, que sabia demais.
Por vezes é conveniente saber de menos.
E rezemos pelo Papa.
Porque há muitos lobos em Roma.
E no Brasil há guarás, que são lobos tupiniquins.
Rezemos então também pelo Brasil, que está em estado lulal mensaleiro.
Que é uma forma de estado de coma moral.
Tanto se falou em Fome Zero que o Brasil ficou em estado de COMA!
Engolindo lula.
Pois não disse Lula: “Vão ter que me engolir?”
Rezemos pelo Brasil.
Que indigestão!
 
São Paulo, 25 de Abril de 2.006
Orlando Fedeli


    Para citar este texto: Orlando Fedeli - "Um decreto papal"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=decreto_papal