segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A heresia da eficiência Dietrich von Hildebrand (1889-1977)



O antipersonalismo moderno converte o homem em instrumento e mede a importância e valor de cada um desde o ponto de vista da produção de bens pessoais. Se manifesta não só na idolatria do estado, da nação, da raça e da classe social, senão também na supervalorização do trabalho profissional e de qualquer classe de eficiência.
Na atualidade nos vemos envoltos em uma heresia da eficiência, que se encontra em aberta contraposição com a vocação e o destino do homem e que ameaça detruir até a plenitude natural de uma vida plena de conteúdo humano.
Podemos estabelecer três formas diversas desta heresia. As três se dão em nosso tempo.
A primeira faz do homem um puro meio de produção de bens pessoais. E podemos visualizá-la em qualquer tipo de exploração imisiricordiosa, para a qual o homem, enquanto pessoa, não tem significação alguma a não ser a de instrumento para a produção de outras coisas. Esta heresia alcança seu ponto culminante na atitude comunista ante o homem. No momento em que já deixa de ser útil e eficaz, se lhe suprime como um instrumento inútil.
O segundo tipo consiste em uma espécie de idolatria das grandes aquisições no âmbito científico, artístico ou técnico, e inclusive no esportivo e cinematográfico. Nesse sentido, um tanto mais elevado, se considera a eficiência como o máximo valor do homem, como sua vocação primária. Desvia-se o centro de gravidade, trasladando-se do que o homem “é” ao que produz.
O terceiro tipo tem sua expressão em uma idolatria do trabalho e, sobretudo do trabalho profissional. Nessa idolatria pode verificar-se uma continuação da herança calvinista e puritana ao equiparar o setor mais importante da vida com o trabalho e proclamar uma alternativa exclusivista entre trabalho ou prazer, descanso ou diversão. Trabalho e eficiência profissional chegaram a converter-se em uma espécie de causa exemplar para tudo o que não seja pro descanso, diversão ou esporte. O ritimo do trabalho profissional é o modelo fundamental de tudo o que mereça ser levado a sério.




(Santidad y virtud en el mundo, Rialp, Madrid, 1972, pp.19-21)
fonte:pátria grande