sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Monsenhor Nicola Bux, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, estudou a influência que o relativismo está tendo na relação das comunidades católicas com a Eucaristia.

Recolhe suas conclusões no livro «O Senhor dos Mistérios. Eucaristia e relativismo» («Il Segnore dei Misteri. Eucaristia e Relativismo»), publicado em italiano por Cantagalli, com prefácio do cardeal Angelo Scola, patriarca de Veneza.

Monsenhor Bux também é consultor da Congregação para as Causas dos Santos, professor de Liturgia Comparada, vice-presidente do Instituto Ecumênico de Bari e consultor da revista teológica internacional «Communio».

Publicou uma dezena de livros, um dos quais apresentado em Roma pelo cardeal Joseph Ratzinger: «A unidade dos cristãos para o Terceiro Milênio», publicado pela Livraria Editora Vaticana, em 1996.

Nesta entrevista concedida a Zenit, Monsenhor Bux fala da influência do relativismo na Igreja e no Sacramento da Eucaristia.

--Eucaristia e relativismo: o título é evocador mas inquietante. O que quer sugerir exatamente ao vincular à Eucaristia com o relativismo?

--Dom Bux: No livro indicam-se numerosos intentos por obscurecer a verdade do Sacramento: um dos mais graves é negar que Jesus Cristo esteja presente no pão e no vinho sobre os quais o sacerdote pronuncia as palavras consagratórias. Infelizmente esta tendência também está difundida entre sacerdotes e catequistas.

Pelo contrário, o «Compêndio» do Catecismo da Igreja Católica afirma no artigo 283 a eficácia das palavras de Cristo e o poder do Espírito Santo.

--«A crise do cristianismo é a crise de sua pretensão de verdade», advertem os adversários da Igreja, como escreve em seu livro. É assim?

--Dom Bux: Esta afirmação é verdadeira se se presta atenção nas intervenções de alguns eclesiásticos que estão preocupados em não ferir a sensibilidade ou que até estão convencidos de que a fé em Jesus Cristo não seja a verdade que salva o homem, mas só uma entre outras. Esta afirmação não é verdadeira se se escuta o Papa Bento XVI e os bispos unidos com ele em suas intervenções.

--Às vezes aos é difícil aos próprios católicos celebrar com alegria os sacramentos. O que está acontecendo?

--Dom Bux: É necessário voltar a falar a eles dos sacramentos como o prolongamento da presença do Senhor que veio a querer-nos, a adoptar-nos como órfãos, a dar-nos a força de seu Espírito, a alimentar-nos com o Pão de sua Vida, a perdoar-nos dos pecados que pesam e condicionam a existência, a curar-nos das enfermidades físicas e espirituais, a dar-nos a capacidade de servir a Ele e aos homens na Igreja e no mundo, a estabelecer uma relação de amor verdadeiro e eterno entre homem e mulher, parecido a seu amor.

Cada uma destas acções é um gesto que Cristo cumpriu em sua vida terrena e continua cumprindo em sua vida imortal através de seu corpo eclesial. Tais gestos e palavras eficazes nós chamamos de mistérios e sacramentos, segundo a tradição grega e latina.

Dão a alegria verdadeira, pois fazem renascer, curar e devolver ao homem a capacidade de vencer o mal e a morte. A liturgia deverá ser capaz de fazer viver assim, sem confiar demasiado em palavras, mas na eloquência e eficácia dos sinais.

Deus se encarnou, tomou a natureza humana para dizer-nos que nos salva através da matéria: da água, do pão, do óleo, etc.

--O senhor constata que há «mal-estar» ante o pensamento católico. Por quê?

--Dom Bux: Diz São Paulo: nós temos o pensamento de Cristo. A verdade é católica porque Cristo que vive e sempre tem valor, onde quer que seja e em todos os lugares --como dizia um monge medieval, Vicenzo de Lerins--, e não se conforma com as modas que passam.